terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Echo & The Bunnymen – Especial de 30º aniversário – 27 de novembro de 2008

Tradução da matéria do jornal Echo de Liverpool
Echo & The Bunnymen – Especial de 30º aniversário – 27 de novembro de 2008

Link para a matéria me inglês


A história atrás das lendas de Liverpool
Por Jade Wright

Os Bunnymen definiram o som de uma geração com suas letras misturando tristeza e alegria e melodias memoráveis. As lendas de Liverpool atraíram muitos seguidores cult e elas ainda são uma influência importantíssima para um monte de bandas famosas de hoje.
Formado na selvageria musical de 1978, o Echo trouxe sua própria marca da new wave psicodélica e seu estilo militar de brechó para o grande público.
Ian McCulloch em si permanece sempre jovem e impossivelmente cool, e Will Sergeant um guitarrista que nunca para de surpreender!
Os Bunnymen são agora uma influência para toda uma nova geração de bandas.
O nome da banda se tornou uma marca cultural; uma abreviação para um som que gerou milhares de imitações.
Agora, 30 anos desde seu primeiro sucesso, eles renasceram e recentemente tocaram Ocean Rain, seu álbum clássico, em shows esgotados no Royal Albert Hall e Radio City Music Hall em Nova York. Ambos os shows obtiveram muitos elogios – e eles acabaram de gravar um novo álbum referencial intitulado The Fountain a ser lançado em 2009.

Eles vêm construindo seu próprio caminho há 30 anos, e o resto do mundo musical está correndo para alcançar esse patamar. A formação atual envolve os integrantes originais Ian McCulloch e Will Sergeant, junto com Nick Kilroe na bateria, Stephen Brannan no baixo, Gordy Goudie na guitarra e Paul Fleming nos teclados.

1978



“Tudo começou no Eric´s”, diz Will. “Nós íamos lá duas ou três vezes por semana. Era onde estavam nossos amigos – e sempre havia bandas interessantes tocando.“É lisonjeiro ter bandas influenciadas por nós. Mas também fomos influenciados. David Bowie, Velvet Underground, Talking Heads e Roxy Music”, ele diz.
O nome da banda veio de um colega de quarto de Mac na época, Smelly Elly, depois de recusarem esses nomes clássicos como Glycerol and the Fan Extractors, Mona Lisa and the Grease Guns e The Daz Men.
O primeiro show dos Bunnymen foi no Eric´s no dia 15 de novembro de 1978 diante de uma pequena audiência de 30 pessoas, todas as quais conheciam a banda. Eles tocaram uma música chamada ‘I Bagsy Yours’, que era a versão anterior de ‘Monkeys’. Era a única música que eles tinham e durou 15 minutos. No fim da música, Will desligou a bateria eletrônica, um silêncio estupefator pairou no ar, e depois, aplausos. Les lembra que foi legal tocar alto, já que os ensaios na casa do Will tinham de ser em volume baixo. Mac lembra “Assim que descemos do palco, eu queria subir lá de novo”.
Apenas 4 meses depois em março de 1979, o primeiro single da banda –- ‘Pictures on my wall/Read it in books’ – era lançado pela Zoo Records. A Zoo Records tinha sido criada pelo então empresário deles, Bill Drummond, e Dave Balfe.O single foi lançado em 5 de maio, 20º aniversário de Mac. A Zoo imprimiu 4000 cópias; foi para ser single da semana nos semanários NME e Sounds. Portanto, seis meses depois de seu primeiro show no Eric´s, os Bunnymen se tornaram repentinamente a coisa mais promissora, e a Zoo rapidamente imprimiu mais 3000 cópias.

Decidiu-se que a banda precisava de um baterista.

Entra Pete de Freitas, nascido em Port of Spain, Trinidad, seu irmão conhecia Dave Balfe das viagens da Zoo a Londres, Pete estava dentro. O primeiro show de Pete com a banda foi no Nashville Rooms em Londres, Pete logo ganhou a reputação como um dos melhores bateristas então. Um mês depois e os Bunnymen assinavam contrato com a Korova Records (o selo super cool formado pela Warner Bros como a casa de seus novos contratos), e um novo capítulo se iniciava na história da música. As coisas não seriam mais as mesmas. “Korova foi nosso primeiro grande selo – estávamos num outro selo independente antes disso, mas eles eram os grandes que ajudaram a nos lançar”, explica Ian.

1980




No dia 5 de maio o grupo lançava seu primeiro selo pelo Korova, Rescue/Simple Stuff, produzido por Kingbird (Ian Broudie), atingindo o número 61 das paradas, quase seguido de Crocodiles, seu primeiro LP, em julho daquele ano. O compromisso de Ian Broudie com sua própria banda Original Mirrors o impediu de produzir Crocodiles, por isso entraram os Chamaleons (também conhecidos como Drummond e Balfe).
Crocodiles foi lançado com enorme aprovação da crítica em 18 de julho de 1980 e logo chegou ao Top 20. As críticas nunca foram tão extasiadas ao elogiarem o álbum de estréia de uma banda desconhecida.Crocodiles está destinado a ser um dos álbuns de rock contemporâneo do ano, escrevia o semanário NME. Continua sendo até hoje um dos mais extraordinários álbuns de estréia do nosso tempo. O fotógrafo Brian Griffin, que fez a capa de Crocodiles, lembra que os Bunnymen queriam atear fogo numa árvore. Em vez disso, Griffin sugeriu que iluminassem uma pequena clareira num bosque, e assim começavam as clássicas capas dos álbuns dos Bunnymen.
A banda então empreendeu sua primeira turnê nacional por clubes e faculdades ao longo de julho e agosto.
Em outubro, seu segundo single The Puppet/Do It Clean (um lado B grandioso) era lançado e alcançava apenas a posição 91 nas paradas. Uma turnê britânica mais cara fez com que evoluíssem seu estilo “camo” (Nota do Lips: de camuflado,por causa das roupas militares) e seu cenário apocalíptico. Nenhum fã de carteirinha assistia aos shows sem antes visitar as lojas de sobras do Exército e da Marinha.
“A gente começou toda aquela coisa da camuflagem porque era barato”, diz Ian.
“Queríamos um visual, um estilo, e aquele foi o que pudemos fazer”.
“Outras bandas na época fingiam que não tinham dinheiro, para parecerem cool. Viemos da periferia de Liverpool. Não tínhamos nada, e todas essas bandas estavam nos copiando”.

1981

Desde o começo, a banda sempre quis tocar em lugares incomuns e expandir as barreiras do que era possível. Eles tocaram uma única data especial em 17 de janeiro daquele ano no distrito de Peak em Derbyshire, tocando nos jardins do Buxton Pavillion. Os fãs recebiam mapas e eram levados ao local misterioso de ônibus, alguns vieram de todo lugar só para ver os Bunnymen tocarem; o show estava previsto para as 5 da tarde para que as pessoas pudessem voltar para casa mais facilmente, já que em janeiro havia neve.
A essa altura, e exigência por mais músicas aumentava, e em maio eles lançaram um EP 12” ao vivo, Shine So Hard, gravado no show misterioso no Buxton Pavillion. Chegou ao Top 40 em poucos dias.
Logo depois, em março daquele ano, os Bunnymen começaram uma turnê pelos EUA.
“Eu adorei excursionar pelos EUA”, diz Ian. Essa iria ser a primeira de muitas. Em sua volta triunfante, a banda fez sua primeira grande turnê pelo Reino Unido, culminando num show esgotado no Hammersmith Odeon. O estilo “camo-chic” foi deixado de lado, pois estava ficando mais popular que a própria banda.
Sem parar para respirar, em junho, o segundo álbum da banda, Heaven Up Here foi lançado e chegou logo ao Top 10 das paradas. Mais uma vez, tratava-se de uma capa clássica. Brian Griffin foi escolhido para fotografar a capa, e seu único resumo eram gaivotas. Em Porthcaw, perto de Rockfield, ele encontrou uma praia ideal e fotografou a banda num pôr-do-sol promissor. Foi uma seção incrivelmente maravilhosa, e mais uma vez tornou-se assunto de discussão. “Tinha um clima”, diz Griffin. “E estava olhando para o futuro”. O designer Martin Atkins teve que brigar com a gravadora para manter aquelas fotos, diz Griffin. “Eles sempre querem ver os rostos da banda!”.
Vencida a batalha, Brian sentiu que tinha quebrado duas barreiras com a capa de Heaven Up Here. “Primeiro, fizemos duas capas de álbum que estavam se fortalecendo e melhorando; segundo, conseguimos manter a banda longe da câmera”.
Muitas das canções regulares ao vivo saíram deste LP – Over the wall, All my colours, Show of strength e No dark things. Eles rapidamente estavam se tornando conhecidos como a melhor banda ao vivo do mundo.
Em julho foi lançada A Promise do álbum Heaven Up Here, e em agosto o vídeo de Buxton, Shine So Hard, abria o ICA por uma semana em Londres, junto com outro vídeo curto, La Via Lounge, filmado na Europa. Passou também em cinemas selecionados por todo o país. Em outubro e novembro, os Bunnymen voltavam aos EUA e depois foram para a Austrália e Nova Zelândia. Seguiram-se uma turnê pela Alemanha e mais dez datas pelo Reino Unido antes do tão merecido break para o Natal.

1982

O ano começou com o lançamento dos vídeos Shine So Hard/LaVia Lounge e, disfarçado de Louis Vincent, Pete de Freitas produziu o elogiado primeiro e último single dos Wild Swans: Revolutionary Spirit. Em abril, os Bunnymen fizeram uma turnê pelas terras altas da Escócia. O jovem Ian Broudie tocou como convidado na guitarra e atrás da mesa de mixagem, e a banda achou que ele fez um bom trabalho. Tão bem que em maio daquele ano, Back of Love, produzido por Ian Broudie sob o disfarce de Kingbird, deu à banda seu primeiro single Top 20. Dando continuidade às explorações multimídia, Will Sergeant gravou a trilha do filme ainda incompleto, Grind. O LP foi lançado no começo de 1983, e o filme está ainda inacabado.
Em julho, os Bunnymen eram a atração principal do festival WOMAD. Uma versão ao vivo de All My Colours foi gravada com os percussionistas do Borundi. O grupo então se apresentou numa série de festivais europeus e fez uma visita relâmpago em Nova York. Tornando-se cada vez mais conhecidos, eles tocaram no Sefton Park em Liverpool para vinte mil pessoas, em novembro, como parte de uma série da BBC – Pop Carnival –, antes de filmarem seis faixas do futuro LP em Liverpool e na Islândia.

1983

Em janeiro, o single The Cutter foi lançado, e os Bunnymen eram, finalmente, uma banda top 10. A versão 12” incluía All My Colours ao vivo com os Burundi Drummers. Lançavam Porcupine, seu terceiro álbum. Em julho, seguindo o sucesso do hit Never Stop nos Top 20, a turnê pós-Porcupine via os Bunnymen em lugares ainda mais bizarros. Iniciando nas ilhas escocesas e culminando no Royal Albert Hall em Londres, os Bunnymen “entregaram seus casacos e dançaram” .
“Fizemos dois shows lá”, explica Ian. “Foi no tempo em tocávamos nos lugares mais estranhos que encontrávamos”. “Queríamos algum lugar para tocar em Londres onde ninguém nunca tivesse tocado. Àquela altura, esse lugar era o Royal Albert Hall”. “Eles não agendavam bandas naquela época". “Acho que foi Mott The Hoople que tocou lá em 1973”.“Tinha havido confusão e muitos prejuízos. Eles disseram: bandas nunca mais”. “Levou um ano com reuniões para que nosso empresário e promoter nos colocasse lá”. “Eles entravam e tocavam nossas faixas acústicas para as pessoas responsáveis pelo Hall para provar que não éramos uma banda de rock. Acho que eles tocaram Simon & Garfunkel para eles dizendo que éramos nós.” “Finalmente tínhamos que ir em frente e tocar. Foi ótimo”. “É um lugar espantoso de se tocar. É como fazer parte da história”.



A turnê teve a formação aumentada com guitarrista adicional, percussionista, violinista e violoncelista engrossando o grupo. Depois de passar mais tempo em Liverpool, a banda gravou sua sexta sessão para o programa de John Peel em setembro, que incluiu Nocturnal Me, Ocean Rain e Watch Out Below. A estréia ao vivo de The Killing Moon, Seven Seas e Silver veio em mais um lugar incomum – O teatro Royal Shakespeare em Stratford-upon-Avon [cidade natal do escritor]. “O diretor na época nos chamou para tocar lá”, explica Ian. “Ele disse que eu era Shakespeare de Liverpool. Como eu poderia recusar?” Eles ainda são a única banda que tocaram lá.


1984

O ano começou com um super single. The Killing Moon foi lançado e deu ao grupo mais um hit no Top 10 em janeiro. Uma viagem ao Japão foi outra revelação. Bunnymania era comum. Eles sobreviveram a um tremor de terra, mas o auge para todos envolvidos foi “comer um bife num trem-bala a 253 km/h”. Na volta, o quarto álbum, chamado Ocean Rain, foi finalizado nos estúdios Amazon em Liverpool. “O melhor álbum já feito”, ou assim diziam os anúncios publicitários, foi lançado em 4 de maio na cola de outro single, a maravilhosa Silver.
Mais adiante, em 12 de maio, o evento de acontecimentos falsos em Liverpool, A Crystal Day. Dentre outros eventos, o dia incluía um rali de bicicleta, um passeio de balsa no Mersey Ferry, um recital de coral na catedral, culminando num show dos Bunnymen no Saint George´s Hall. Pertinentemente, o último grupo a se apresentar ali tinha sido os Beatles em 1961. O show foi filmado para o programa Midsummer Night´s Tube. Em junho, Seven Seas, o segundo single de Ocean Rain, deu à banda outro hit. No fim desse ano, os Bunnymen tiraram um ano de férias para se recuperarem e se rejuvenescerem.

1985
Um ano de folga é muito tempo.


A vontade de excursionar veio em abril. Nada convencionais como nunca, eles tocaram em pequenos lugares pela Escandinávia, duas seções por noite, incluindo uma de covers. Os shows mundialmente pirateados. Eles tocaram Paint it Black, Soul Kitchen, Friction, Action Woman e outras. Verdadeiro punk. Em julho, eles foram a atração principal da última noite do festival de Glastonbury em meio a lama e barro da chuva do fim de semana.
Em outubro, um som de certa forma diferente do que haviam feito surgiu no primeiro single depois de um ano, Bring on the Dancing Horses, produzido por Laurie Latham em Bruxelas.
A magnífica Bedbugs & Ballyhoo foi discutivelmente o melhor lado-B. Um mês depois, a coletânea de singles dos Bunnymen aparecia com todos os lados A na forma de single original.

1986

O ano começava, e Pete de Freitas saía para sua versão particular de Lost Weekend.
Ele se juntou a num novo grupo, The Sex Gods, gravando e filmando. Tendo Pete saido sem permissão, os Bunnymen fizeram turnê pelos EUA com o baterista Blair Cunningham. Essa formação tocou uma única data no Reino Unido no Royal Albert Hall para o Greenpeace. Em junho, ainda sem Pete, os três originais Bunnymen deixaram de lado as tentativas de um sexto LP. Um mês depois, Pete subiu de novo no "ônibus" para duas canções ao vivo na maratona The Old Grey Whistle Test´s Rock Around The Clock, e eles começavam a gravar de novo com a produção de Laurie Latham em setembro.
Nos seis meses seguintes, entre altos e baixos, numa variedade de estúdios em Berlim, Bruxelas, Londres e Liverpool, o sexto LP foi gravado. A banda nunca ficou totalmente satisfeita com os resultados. Em dezembro, Ray Manzarek, dos Doors, produziu e tocou numa versão de People Are Strange. Ian McCulloch acabou se tornando o Jim Morrison na faixa gravada para o filme The Lost Boys [Garotos Perdidos, no Brasil].

1987



A banda fez show no Brasil, ninguém sabia o que esperar daqui, milhares de pessoas apareceram no aeroporto para ver a banda chegar, era como Beatlemania. Eles também fizeram o vídeo para The Game no Brasil, novamente com a direção de Anton Corbijin. Em junho, The Game do sexto LP foi lançado no Reino Unido, atingindo o Top 20. O álbum em si, Echo & The Bunnymen, foi lançado e tornou-se de longe o disco deles mais vendido nos EUA. Foi também um LP Top 5 no Reino Unido. Em agosto, Lips Like Sugar chegava às lojas – outro hit Top 40 no Reino Unido. A banda passou o resto do ano excursionando pelo Reino Unido e EUA – eles entraram em 1988 com mais datas pelo mundo, nos EUA e na Ásia. O estresse e a pressão, quando entravam em seus décimo ano, foram a gota d´água. Atritos internos e conflitos pessoais alcançaram um ponto em que havia constantes rumores de que a banda tinha se separado.

1988

Ironicamente, o hit revival dos Doors de 1967, People Are Strange, produzido por Ray Manzarek, chegava ao número 12 das paradas americanas em março, chegando facilmente à marca de maior hit lá. A música de Lost Boys deu a eles outro Top 30 na Inglaterra. No meio de tudo isso, Ian McCulloch anunciava que estava deixando a banda. Seu último show foi no Japão em 26 de abril.

1989



A tragédia bateu em 14 de junho quando Pete de Freitas foi morto ao colidir sua moto com um carro. Pete estava voltando para Liverpool para começar os ensaios com Will e Les. Descanse em paz.
Em outubro daquele ano, foi lançado o álbum solo de estréia de McCulloch, Candleland, precedido do single Proud to Fall. Ele começou a excursionar de novo alguns meses depois com uma nova banda, The Prodigal Sons, e lançou um segundo single, Faith and Healing, em março de 1991. Relançada depois do filme Lost Boys aparecer na TV, People are Strange atingiu ao Top 40 na Inglaterra pela segunda vez.

1995

Will e Mac se reuniram como uma banda nova, Electrafixion. Um LP, Burned, era lançado. O Electrafixion conseguiu, no entanto, muitos seguidores durante as turnês. Eles até mesmo tiveram um hit Top 30 na Inglaterra, Sister Pain, no ano seguinte.



1996

Nos EUA, o status cult do Echo & The Bunnymen continuava a crescer. Sua grandiosidade tendo sido atribuída por gente como Kurt Cobain e Courtney Love, que não fizeram mais que gravar uma versão de Do it Clean com o Hole. Outras bandas americanas também estavam gravando músicas dos Bunnymen. Os Flaming Lips geralmente abriam seu set com All That Jazz, o Pavement costumava fechar com The Killing Moon.
Depois de uma última turnê pelos EUA como Electrafixion, Will e Mac estavam tocando cada vez mais músicas do Echo ao vivo. Como diz Will, “por que ser Electrafixion quando você pode ser os Bunnymen?”. Les voltou ao grupo e o Echo & The Bunnymen renascia. Avançando aos poucos e com certa dificuldade com uma competição ameaçadora, a London Records assinou com a banda no fim de 1996.

1997

Will Sergeant, Ian McCulloch e Les Pattinson estavam juntos de novo no estúdio pela primeira vez em dez anos. Um mês depois, eles tinham finalizado o último LP do Echo & The Bunnymen. Eles viram o resultado final, 12 novas canções, nem tanto como uma reformulação, mas como uma continuação de onde haviam parado uns nove anos atrás. A banda fez sua volta aos palcos na Inglaterra em 14 de maio no Cream (onde mais se não em Liverpool). Três dias depois, eles tocaram no Mercury Lounge em Nova York, o começo de um mês de shows nos EUA, uma mistura de seus próprios shows e festivais de rádio de prestígio incluindo K-ROQ em Los Angeles, onde dividiram a conta com seus novos contemporâneos – Oasis, Blur e Radiohead.

As críticas aos shows atestam a volta triunfante dos Bunnymen: “É inacreditavelmente bom. A primeira volta da história a não ser seguida por uma sensação nauseante de sofrimento, a primeira a soar verdadeiramente importante” (NME).

“Não é nostalgia, porque mais da metade do setlist é nova e – aqui está a piada – as novas músicas são tão boas quanto às antigas e provavelmente melhores do qualquer coisa que você vai ouvir este ano” (Melody Maker).

Seguindo o lançamento de um novo “Best Of”, intitulado Bedbugs and Ballyhoo pela antiga gravadora Warners, o primeiro novo single dos Bunnymen foi sua estréia pela London Records em 16 de junho. Uma semana depois, a maravilhosa Nothing Lasts Forever atingiu o oitavo lugar no Top 10 da Inglaterra. Os Bunnymen já tinham alcançado o que nenhuma outra banda conseguiu, uma volta comercialmente, conceitualmente e criticamente igual às suas conquistas históricas do passado. O LP Evergreen foi lançado em 14 de julho, atingindo o Top 10.
O lado mais glorioso dos Bunnymen era mostrado ao mundo, muito mais aberto e tão relevante quanto qualquer banda hoje ou ontem. Este era o Echo & The Bunnymen em 1997, bom como sempre – talvez ainda melhor. Uma história pela qual morrer e um futuro para o qual viver. Em dezembro, Evergreen havia feito mais dois hits: Don´t Let it Get You Down e I Want to Be There (When You Come); uma turnê pelo Reino Unido em outubro com ingressos esgotados em todo lugar, culminando em duas noites com capacidade lotada no Kilburn National de Londres. Nos EUA, eles excursionaram extensivamente, incluindo os principais festivais de rádio e seus próprios shows como headlines. Em alguns lugares, falava-se das conquistas dos Bunnymen como a maior volta desde o Elvis Presley.


1998

Depois de uma bem sucedida turnê européia, os Bunnymen fizeram uma curta temporada pelo Reino Unido em fevereiro. Eles tocaram no Brixton Academy com ingressos esgotados, como aponta o NME, “eles são, inacreditavelmente, tão bons ao vivo quanto o Verve – ou qualquer um desses por aí”. On The Top Of The World, uma música de Ian McCulloch, escrita originalmente com Johnny Marr, é reavivada e escolhida pela Associação de Futebol como a canção oficial da Inglaterra na Copa do Mundo. Foi gravada pelos Bunnymen com as Spice Girls, Tommy Scott da banda Space, e Simon Fowler do Ocean Colour Scene sob o nome de England United.
O single foi direto para o Top 10 e vendeu excepcionalmente bem no mundo inteiro. Para Ian McCulloch, é ainda um dos momentos de maior orgulho de sua carreira.

1999

Em março, o single Rust subiu ao Top 20. O LP veio um mês depois. O álbum com o título mais longo de todos do Echo, What Are You Going To Do With Your Life? conquistou ainda mais elogios da crítica do que Evergreen.

2000

Os Bunnymen gravam uma mistura de covers – algumas de suas músicas, além de Hang On A Dream de Tim Hardin e It´s All Over Now Baby Blue de Bob Dylan – para um lançamento exclusivamente online. Era um mini LP apenas “para verdadeiros fãs” e foi disponibilizado enfim por determinado período em outubro.

2001

Os Bunnymen assinavam com uma nova gravadora, Cooking Vinyl, lançando o primeiro single, It´s Alright. Will e Mac juntaram-se a três músicos de Liverpool para as novas gravações produzidas por eles mesmos: Alex Gleave no baixo, Vinny Jamieson na bateria e Ceri James nos teclados. O novo álbum, o oitavo de estúdio, Flowers, foi lançado com uma das melhores críticas que já tiveram em sua carreira. Refletindo uma ligação criativa mais forte entre Will e Mac, o disco foi o mais direcionado às guitarras e mais psicodélico que já fizeram desde o começo dos anos 80.
Uma caixa admirável com quatro CDs, 71 faixas, foi lançada mundialmente pela Warners em abril.
Crystal Days: 1979-1999 contém dois CDs com material raro e inédito, o que significou uma grande retrospectiva da carreira reafirmando a grandiosidade dos Bunnymen. A banda promoveu Flowers e Crystal Days com datas pelo Reino Unido, Europa, EUA, uma apresentação no Fuji Rock Festival no Japão e terminando com sua primeira turnê na Austrália desde 1981. Na volta, eles embarcaram numa turnê com sucesso de bilheteria nos EUA junto o Psychedelic Furs.

2002

O ano começou com uma pequena turnê na Inglaterra para promover o lançamento de Live in Liverpool, o primeiro álbum ao vivo da banda, gravado no LIPA em 17 e 18 de agosto, com 17 faixas, desde as clássicas Zimbo e All That Jazz até músicas de Flowers. Em maio, a banda foi de novo para o Brasil e tocou três noites, duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro, antes de retornar para tocar os grandes hits no Finsbury Park, em Londres, na apresentação do New Order, com Chris Martin do Coldplay como convidado nos vocais de Nothing Lasts Forever. Em outubro, eles ganharam o cobiçado Prêmio Q Inspiration num ano em que sua influência parecia ter vindo à tona novamente, inspirando uma nova onde de bandas de Liverpool, tendo o The Coral como linha de frente.


2003

Crescia a amizade da banda com o Coldplay.
Chris Martin nunca fez segredo de sua imensa admiração pela voz de Ian – ainda tão clara hoje quanto era no auge dos Bunnymen. E aí, como foi conhecê-lo? “Eu não conheci o Chris Martin”, diz Ian. “Ele me conheceu”. E vai além: “Pois com Rush of Blood To The Head, ele veio me ver recolher o máximo de informação possível”. “Ele é muito legal. Ele tinha tido uns desentendimentos na imprensa pelo último álbum e me ligou”. “Parecia que, nos anos 90, ninguém estava muito interessado por nós ou pelo que estávamos fazendo. Daí pessoas como o Chris chegam e ajudam a nos trazer de volta aos holofotes”.

2005

A banda lançou o álbum Siberia com críticas positivas, com alguns comentaristas chamando-o de o melhor trabalho desde Ocean Rain.


2006


Echo & The Bunnymen lançaram uma versão atualizada da coletânea Songs To Learn And Sing de 1985. Rebatizada como More Songs to Learn and Sing, essa coletânea foi lançada em duas versões, uma com um CD de 17 faixas, e a outra um DVD com oito vídeos de sua carreira.

2007

Em março, a banda anunciava que tinham assinado novamente com a gravadora original, Warner, e que estavam trabalhando num novo álbum. “Tipo, completamos um ciclo: somos parte da família Warner Bros, como Bugs Bunny ”(Nota do Lips: BugsBunny = Pernalonga", diz Ian. “Somos o Echo & The Bugs Bunnymen”. Um DVD ao vivo intitulado Dancing Horses, contendo também entrevistas com a banda, foi lançado em maio. No verão de 2007, a banda foi premiada com o prestigioso Maverick da revista Mojo.


2008




No ano de Liverpool como a Capital da Cultura, os Bunnymen tornaram-se a primeira banda a tocar no novo ECHO Arena na cerimônia de abertura da Capital da Cultura – eles tocaram Nothing Lasts Forever, acompanhados da Orquestra Filarmônica Real de Liverpool. O resto do ano mostra a banda dando os toques finais no novo álbum, com algumas aparições em festivais no verão, incluindo T in the Park e Festival V. Um brinde aos próximos 30 anos de brilho no topo do sucesso. Com certeza vocês merecem...


Citações de várias pessoas e votos de felicitações pelos 30 anos:

Chris Martin “Os Bunnymen são o equivalente musical de Marmita... Ou você os ama ou você é um ****”

Miles Kane (The Rascals/ The Last Shadow Puppets) “O Echo é uma das minhas bandas favoritas, eles foram uma grande inspiração pra mim. A melodia do canto é sombria e dramática, é o tipo de música que gosto de cantar e escrever. Do trabalho de guitarra em Show Of Strength do Heaven Up Here ao vocal obsessivo de Nocturnal Me de Ocean Rain. Esses dois discos são perfeitos para mim. Nós também regravamos All That Jazz do Crocodiles, porque é pura batida e faz seus joelhos tremerem. Acabamos de voltar de uma turnê, então estamos muito ansiosos com o show no ECHO Arena. Ainda esperando pelo convite para subir lá e cantar com eles – meu telefone está vibrando!”

Janice Long (Radialista) “Muito obrigada pelos 30 anos de grandes músicas, shows e lembranças. Vocês ocupam mais espaço no meu iPod do que outros, e Ocean Rain é ainda meu álbum favorito. Genial. Ian, obrigada por ser divertido, um babysitter, um sujeito legal das palavras-cruzadas, um doador de entradas para jogos de futebol, um ombro para chorar, um grande amigo. Com amor a todos vocês, sua maior fã”.

Guy Garvey (Elbow) “Os Bunnymen são parte tão intrínseca da música que tudo viria abaixo sem eles, como uma torre de cartas de baralho”.

Pat Gilbert (Revista Mojo) “Há inúmeras razões para o brilhantismo dos Bunnymen, mas uma delas é o fato de terem feito Escola de Artes sem nunca terem freqüentado a Escola de Artes. Quer dizer que eles vieram à música de um ângulo completamente original. O fato de serem, melhor que ninguém, esses garotos de classe operária de Liverpool, tentando juntar os fantasmas dos Doors e Lou Reed, deu a eles uma estranha energia e força: suas músicas eram obscuras, enaltecedoras e sérias, mas também cheias de humor e humanidade. Eles não tiram medo de ser românticos e misteriosos e de ter valores. Na verdade, eles não tinham medo de nada. Eles eram o sinal de dignidade e orgulho numa década repleta de ****”.
Richard Hawley “Ocean Rain foi o único álbum para o qual eu fiquei na fila para comprar quando do lançamento. Esperei na chuva do lado de fora da loja. Estava atrasado para a aula e me dei mal com isso. Se fosse lançado amanhã, faria tudo de novo. Definitivamente foi de longe o álbum mais importante de seu tempo e é um dos meus favoritos. Os Bunnymen rule!”.
Ao Ian e Will: Parabéns aos dois pelos 30 anos de grande música...e muitos outros por vir. Tem sido um prazer trabalhar com vocês. Com amor, Peasy & Pete Byrne (Porcupine Management)

Ian e Will – Parabéns pelo show maravilhoso [ref. Liverpool Echo Arena] – C.C Young & Co.

Ken Nelson (produtor do Grammy) “A primeira vez que ouvi os Bunnymen foi no rádio. Pictures on My Wall era a música, e eu lembro comentar com um amigo, que tinha uma cópia de Rescue, o quanto eu tinha achado legal essa música. Fiquei muito interessado e comprei Crocodiles assim que saiu. Que disco maravilhoso! Daí eles seguiram com Heaven Up Here, Porcupine e, claro, Ocean Rain. Cada álbum pelo menos igual ao anterior. E isso não é qualquer banda que consegue. Sem contar o EP Shine So Hard, que adorei. Você pode ouvir a influência deles em tantas grandes bandas de hoje, Arcade Fire, Interpol, The Killers, são os que lembro agora. Tiro o chapéu para o Echo & The Bunnymen pelos 30 anos de grande música”.
John Simm (ator) “Echo & The Bunnymen é (obviamente) uma das maiores bandas que este país já produziu. Perdi as contas de quantas vezes os vi ao vivo, eles nunca me decepcionaram. Se você é fã, o total brilho daquelas músicas, a voz de ouro de Mac e a guitarra vislumbrante de Will vão sempre, de alguma forma, fazer os pelos da sua nuca levantar. Mas quando tocaram Ocean Rain no Royal Albert Hall em setembro, foi incrivelmente tão emocionante, que superou cada show deles que tinha visto. A única maneira de melhorar é quando eles trouxerem esse show pra casa em Liverpool. Não perderia por nada nesse mundo”.

Feliz 30º aniversário – The Bunnymen – e tudo de bom ao Mac & Will por esta grande conquista. Com amor, de Steve e todos da X-Ray.

Rob Gutmann (Korova Corp) “Ocean Rain e os Bunnymen sempre apunhalaram meu pobre coração , e o Ian sempre foi meu cantor favorito. Fiquei honrado em fazer parte do público a testemunhar o grande show no Royal Albert Hall, algumas semanas atrás. Ocean Rain é trilha sonora da vida e dos amores do público, e para aqueles da geração que curtiu a sua glória e foi atrás do navio McCulloch. Todas as mãos se erguerão nas Docas no dia 27. Mal posso esperar”.


Chris Peck (Boy Kill Boy) “Quando vi o Echo & The Bunnymen ao vivo, tive um troço. A gente abriu pra eles quando estavam excursionando pela costa leste dos EUA. Eles foram a única banda que eu vi cada noite, de 50 pontos diferentes. Acabou rolando quase uma ligação psíquica entre mim e o Ian, eu tocando pra ele nosso novo disco às três da manhã, ele tocando o disco deles pra mim. Nos tornamos bons amigos, que foi um privilégio, um total privilégio. Echo & The Bunnymen são lendas. Sempre foram e sempre serão”.
Ian Broudie (The Lightning Seeds) “Ocean Rain, para mim, se destaca como um álbum único e especial desde a primeira vez que o ouvi. Ele capta uma grande banda no momento perfeito e tem uma qualidade duradoura e atemporal, que ainda reflete em cada música. É o melhor álbum nascido nos bancos do rio Mersey”.

Wayne Coin (The Flamming Lips) “Havia algo de especial nos Bunnymen. Eles tinham um nome cool, coisa existencial... era bom o bastante pra nós!”.

Ian McNabb [ex-Icicle Works, de Liverpool] “A primeira vez que os vi foi no festival Futurama em Leeds em 1980. Eles apareceram na hora do chá logo depois do U2. Bono fazia graça com seus saudosos mullets e calças de couro e parecia mais ligado ao passado que ao futuro. Os Bunnymen eram, sem dúvida, mais para o novo, e menos para o antigo. Ian McCulloch era o cara mais cool que eu já tinha visto. Corte de cabelo totalmente original, casaco cinza longo, alto, bonito, voz brilhante. Will Sergeant se escondia atrás de uma franja grossa e evocava mistério de uma Fender Telecaster através de um pedal delay para um amplificador Fender. Les Pattinson tinha um topetão, tocava seqüências claras e melódicas de baixo, que eram engenhosas o bastante para lhe fazer dançar. Ele se parecia um pouco com o James Dean. Pete De Freitas era o maior baterista de sua geração e aparentava uns 14 anos. Uma coisa dos Bunnymen que as pessoas nunca mencionam é o fato de serem uma grande banda dance. Essa banda era FUNKY. Seu adorei eles. Tragédias e separações podem ter arruinado o caminho deles ao longo dos anos, mas quando os vi tocar Ocean Rain no Royal Albert Hall alguns meses atrás, percebi que os anos não diminuíram sua força. Eles foram transcendentes. Mágicos. Poderosos. Sensuais. Perigosos. Ainda os melhores. See you at the barricades”.

www.curlymusic.co.uk – Parabéns ao Echo & The Bunnymen pelos 30 anos de grande música, de todos da Curly Music.

Amamos os Bunnymen – de Philip & Jayne – Picket Liverpool.

Ian McCulloch em Málaga

Tradução da Entrevista com Ian McCulloch em Málaga – Espanha – janeiro de 2009

Por: Verena Kewitz
Link para entrevista em inglês: http://www.surinenglish.com/20090120/news/costasol-malaga/mcculloch-interview-200901201927.html




Depois da noite no Teatro Cervantes em Málaga, tive o desafio de entrevistar o líder da banda, Ian McCulloch, junto com meus colegas Rachel Haynes e Pedro García. Digo desafio porque Ian não é exatamente a mais falante das pessoas, ele mais sai pela tangente, e para qualquer um nascido durante ou antes dos anos 60 e que conheça algo sobre a música alternativa pós-punk, a reputação dele antecede-o.

A lista de perguntas que preparei – a qual, de todo jeito, não conseguia enxergar pela falta de luz – foi-se pela janela quando entramos em várias conversas bizarras sobre personagens favoritos de desenho animado e onde eu tinha comprado meus óculos, do qual Ian disse ter gostado. Mais adepto ao escuro do que à luz – evidente pelo fato de que ele usa óculos escuros o tempo todo – permitiram-nos falar com Ian, que não mudou muito na aparência ao longo dos anos, num camarim escuro do Teatro Cervantes. Incentivado por Pedro, um dos maiores fãs do Echo desde seus 13 anos, tentei fazer perguntas sobre sua música. Mas Ian não estava muito a fim de mergulhar no assunto do sucesso da banda nos anos 80, mas sim de falar mal dos contemporâneos da época. Ele queria mais era falar sobre o presente e o novo álbum ‘The Fountain’, dizendo que a música, cuja letra ele esqueceu durante o show (notei que o público nem percebeu) por conta de sua ingestão de álcool, 'Whatever you want' (nova música) foi ‘incrível’.




Falando da coisa de fumar durante o show. Quando perguntei se ele sempre fazia isso, Ian respondeu com sua autêntica lentidão liverpudiana: “Sim. Mesmo quando é proibido. Eles me falaram pra não fumar... mas pensei ‘Peraí’. Na opinião dele: “Eles deveriam proibir peidar em shows, sobretudo quando o Will tá na banda”. Ele estava falando do outro membro original da banda, Will Sergeant.

Liverpool

E de volta aos anos 80... Na opinião dele: “Acho que que tem vários fãs novos e acho que muitos dos fãs dos anos 80 estão, espero, fazendo outra coisa ou estão na prisão”. Claro que concordei e disse a ele que a maioria dos meus amigos (alguns dos quais devem estar presos agora, eu acho) queriam ser ele na época ou se vestiam como ele. De acordo com Ian: “É pior ainda agora que não posso andar pela Sétima Avenida em Liverpool sem que alguém chegue e diga “ei...!”. Ah tá, Sétima Avenida onde?

Tentemos falar de música de novo. “Ok, mas não muito... mas éramos melhores que o New Order ou qualquer outra porcaria”, ele me disse. No entanto, Ian parecia mesmo se lembrar com carinho da fase pós-punk: “Havia muita coisa acontecendo na época... acho que somos a melhor banda de todos os tempos”, me informava ele. Eu sei, eu estava lá.

Marbella or Malaga?


Certo, talvez a lista de perguntas funcione. Ouvimos dizer que você gosta de Málaga e Marbella em especial? Me disseram sarcasticamente que ele tem um iate e que estava hospedado no hotel cinco estrelas Guadalpín, que nem deve ser de fato cinco estrelas, pois o sabote é tão pequeno e difícil de abrir. Consegui entender o fato: “Gosto mais de Málaga. Sou urbanizado. Adoro estar num lugar onde ninguém me acha”. A verdade é que a única razão para um único show na Espanha nessa época do ano deve-se ao Ian dar um tempo [aqui], e os promotores, seus amigos (ele tem alguns colegas de escola espanhóis que ele convida de vez em quando), organizam tudo, em vez de ser algo especial que o faça voltar só para fazer show.
E continuava. Como ele mesmo nos lembrava: “Estes são os dez minutos mais longos na história do tempo”. Os dez minutos que originalmente haviam nos dados esticaram para vinte. Finalmente, antes de nos expulsarem do Teatro Cervantes, Pedro ousou pedir que ele assinasse os discos Heaven Up Here e Porcupine. Ele levou um ou dois minutos, mas ele gentilmente assinou os discos e disse ao Pedro: “I love you”. “I love you too” disse Pedro em inglês. “I hate you too” disse Ian e eu tive de explicar ao Pedro que a brincadeira dele com as palavras referia-se provavelmente à banda U2 [=you too] e a rivalidade originada há muito tempo, baseada na ascenção do Bono ao status de super estrela.

Então é isso. Pouco antes de sairmos, Ian nos disse: “Vocês me pegaram no meu melhor momento de sabedoria”. Bem, eu me diverti e espero que eu possa receber o desafio, na próxima vez deles aqui, de me misturar aos ricaços de Marbella e cantar The Cutter e The Killing Moon pela enésima vez na frente de um bando de fãs fiéis.